Lembro-me do tempo... Em que as crianças brincavam de golzinho, linha de passe, pique esconde, queimado, bandeirinha; do tempo em que o Atari era interessante (ainda gosto); do tempo em que ia a sugared e com pouco comprava um sacão de fofura; do tempo que jogava bola de gude e corrida de chapinhas, empinava pipas (nunca fui bom nisso), rodava pião (nem nisso) e jogava ioiô (nisso eu mandava muito); do tempo em que tudo era tão simples...
Lembro-me do tempo em que andava de bicicleta com os amigos pelo bairro, construía carros de rolimãs, desmontava os brinquedos pra ver o que tinha dentro; do tempo em que a Xuxa era rainha dos baixinhos e tinha pacto com o diabo; do tempo em que verbo era só verbo, no máximo presente, passado e futuro, sem essas loucuras de transitividade, nem análise morfossintática (pouta que pareo); do tempo em que não existia denominador negativo, e nem números com vírgulas; tudo era tão simples!
Lembro-me do tempo em que eram moda os camisões sempre acima do número e estampados, do Nauru, dos redley, do kichute, da conga; do tempo em que Cantão, Anonimato, HD, Abraxas, Company eram as grandes marcas; do tempo em que existia a Rede Manchete, e passava Cavaleiros do zodíaco, Changeman, Maskman, Jiraya, Jiban, Jaspion, Black Kamen Raider, Cybercops; do tempo em que os desenhos eram interessantes; tudo era tão simples e legal.
Lembro-me do tempo em que elegemos Collor pra presidente, com esperança de que algo iria mudar(nos fudemos); do tempo em que era gostoso torcer pela seleção, do tetra campeonato, do tempo em que o Galvão não era tão chato; do tempo em que perder pra argentina nos fazia chorar; do tempo em que colecionava figurinhas em álbuns que davam prêmios, e que sempre faltava aquela fdp pra completar, pra ganhar uma panela de pressão, ou um resta um, ou um jogo de copos furreca; do tempo da músiquinha do La La La La La, Brizolaaa, e do LUlala brilha uma estrela... ; em que os políticos não zuavam tanto na propaganda eleitoral; como era simples...
Lembro-me do tempo em que a nova loira do tchan era linda, e a velha também; em que não existia a escova progressiva e viam-se mais mulheres de cabelos encaracolados; do tempo em que tatoo era símbolo de marginalidade, ora vejam só!; do tempo em que os Mamonas(que Deus os tenha, tomara) surgiram e nos divertiam com suas músicas toscas; do tempo em que curtir Nirvana, Guns, Slayer, Raimundos, Legião Urbana, Paralamas, Titãs(que também fizeram o tal pacto como demo), fazia sucesso com as meninas; do tempo em que levava o violão pra escola pra tocar na hora do intervalo, o colégio todo ficava cantando junto e as meninas saiam quando começávamos a cantar Raimundos; era simples demais...
Lembro-me do tempo em que cerveja não era tão boa, que vinho era o lance; do tempo em que dava calote no ônibus; em que colocava a camisa do colégio pra não pagar passagem; do tempo em que nem existia celular, e não fazia a mínima falta; do tempo em que gravava clips da MTV na fita VHS, shows ao vivo na extinta Rádio cidade(essa faz falta mesmo) na fita cassete e ouvia paralamas no LP; do tempo em que respondia carderninho de garotas com inúmeras perguntas fúteis; do tempo em quea TV de 29 polegadas era a mais cobiçada; do tempo em que tudo era de uma simplicidade...
Do tempo em que andava de ônibus com R$0,35, em que o Kinderovo era R$1,00; Do tempo em que o quilo da picanha era R$8,90; do tempo em que ir ao cinema era tão difícil e longe; do tempo em que ficava acordado no sábado pra ver cine privê(emanuele e pornochanchadas); do tempo em que criava estratégias pra comprar a Playboy na banca e as escondia da minha mãe em casa; do tempo em que lia “Para gostar de ler”, Stella Caar, Manuel Bandeira, Fernando Sabino e Muitos outros; em que dormia as 22hs; em que dava medo assistir Brinquedo assassino, Sexta feira 13, e Freddy Krueger; em que se dava valor as coisas simples da vida...
Hoje em dia tudo é tão complicado. Infeliz globalização. Pro inferno.
Paz e guerra,
Tovi
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